trajeto para hélio, ou uma coreoheliografia

Durante o período das chuvas em janeiro de 2008 passo a uma ação de re-florescimento no bairro Prado, local em que resido. O Prado torna-se um campo para uma tarefa de cultivo ampliada: situações que poderão afetar os habitantes através dessa ação anônima.

A ação acontece pela necessidade de ter uma colméia de abelhas Jataí em minha casa. Para que haja sustentabilidade nesse novo endereço, planto girassóis (heliantus annus), flor que abriga uma quantidade generosa de pólen. Espero assim que haja no bairro uma disponibilidade sustentável deste alimento para que as abelhas transmutem esta ação em mel, criando uma cartografia comestível.

Percorro o bairro e nesses deslocamentos penso em uma proposição emergente nas linguagens das artes do corpo, a coreogeografia, conceito que dialoga com os fazeres e reflexões de thiago costa, wagner schwartz e fabricia martins.

pensando no deslocamento espacial e geográfico do corpo, de seu movimento entre as coisas e as idéias é que se desenvolve a hipótese do que também pode ser considerado como dança – não somente uma simbologia criada por certas metodologias do movimento, mas uma coreografia de impressões, a coreoGEOgrafia.(wagner schwartz)



coreo geo grafia

Plantar converte-se então em uma tarefa coreográfica, coordenada por mediações ambientais e relacionais: “acompanho a temporalidade de um brotamento enquanto refresco minha ansiedade.”



geo torna-se campo para uma grafia.


Passo a chamar a ação de "Trajeto para helio ou uma coreoheliografia", por sugerir movimentos que dialogam com a luminosidade do sol e os afetos que parecem surgir nessas mediações .



hélio – sol – helliantus – oiticica


Trajeto para hélio: mapa de histórias e cartografias afetivas do entorno.

Uma coreoheliografia, florescendo e desflorescendo. Ciclos vitais que desvelam os percursos de um corpo ambulante.